Índices de poluição do ar despencam nos países com quarentena

Poluição do ar despenca com quarentena

Com o avanço da pandemia provocada pelo coronavírus, muitas cidades em todo o mundo adotaram a quarentena ou campanhas estimulando que as pessoas não circulem sem necessidade. Uma situação difícil, com consequências negativas para todos. Mas, entre os resultados desta nova organização social que estamos vivendo é bastante positivo e importante: pesquisadores dedicados a estudos sobre a poluição do ar têm dados de que a qualidade do ar que respiramos esta melhorando significativamente.

A queda nos índices de poluição é tão drástica que alguns cientistas se arriscam a dizer que como consequências muitas vidas serão salvas. Uma vez que a qualidade do ar é responsável por provocar e agravar quadros de doenças respiratórias em todo o planeta.

“Este é um momento muito intrigante”, diz François Gemenne, diretora do The Hugo Observatory, um importante centro de pesquisas ambientais. “O que mais me surpreende é que as medidas que estão sendo tomadas para combater o coronavirus são muito mais severas do que as medidas que estaríamos dispostos a tomar para conter as mudanças climáticas e a poluição atmosférica”.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 91% da população mundial vive em locais com alto nível de poluição. Globalmente esta condição levaria a cerca de 4,2 milhões de mortes prematuras por ano, em uma estatística de 2016.

Mudanças impressionantes na China e Itália

Dados recentes da Agência Espacial Europeia, mostram imagens do satélite Copernicus Sentinel-5P com uma enorme redução de dióxido de nitrogênio. Esse gás é produzido com a queima de combustíveis fósseis e um dos indicadores da poluição atmosférica, sobre a Itália durante o período de quarentena.

“Apesar de poderem haver pequenas variações nos dados por causa das condições climáticas, acreditamos que a redução na emissão de poluentes está diretamente relacionada com a redução da circulação de pessoas e das atividades industriais”, conta Josef Aschbacher, diretor do programa de observações terrestres da Agência Espacial Europeia.

A diminuição destas atividades está sendo revelada em outros dados surpreendentes. Moradores de Veneza divulgaram nas redes sociais fotos de como a água dos famosos canais da cidade está cristalina. Pela primeira vez em muito tempos eles estão vendo peixes nos canais e, em suas postagens, contam que a cidade está irreconhecível.

Os dados sobre a poluição na Itália chegam depois de um relatório da NASA que mostrou um quadro bastante similar na China. Os índices de poluição no país asiático também caíram consideravelmente no período de quarentena, como comprovado em fotos de satélite.

Impactos de curto prazo

Qual a importância destes impactos de curto-prazo para a poluição atmosférica? De acordo com pesquisadores da Universidade de Stanford, essa queda variou de um quarto a um terço nos níveis de poluição do ar em comparação ao mesmo período do ano passado.

De acordo com Marshall Burke, um dos pesquisadores, estes números podem salvar a vida de cerca de 4 mil crianças abaixo dos 5 anos e de mais de 70 mil adultos, apenas na China. Estes seriam as mortes provocadas pela poluição do ar no país, caso os índices se mantivessem os mesmos.

Marshall no entanto é categórico em dizer que a pandemia não pode ser considerada uma boa notícia de maneira nenhuma. Ele explica que junto com ela vem um série de consequências muitos negativas para a economia e para o desenvolvimento social que também provocam grandes perdas.

No entanto, os dados referents à diminuição da poluição atmosférica são muito reveladores em outro sentido. “Estes cálculos nos lembram das consequências que o nosso modelo de vida tem na saúde das pessoas. Além disso, o alto custo ambiental, social e humano do nosso modelo de sociedade”, explica o cientista.

Fonte: Ciclo Vivo

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